Sistemas de Recomendação

“[…] recomendações podem sugerir itens particularmente interessantes, além de indicar aqueles que devem ser filtrados.” [1] – Resnick, P., & Varian, H. R. (1997). Recommender systems. Communications of the ACM, 40(3), 56-58.


A ampliação do acesso à internet, o ganho de popularidade de redes sociais e opções de plataformas virtuais de comércio eletrônico (e-commerce) impactou na grande quantidade de dados disponíveis, variados e obtidos tão rapidamente como nunca antes. Extrair informações relevantes a partir desses dados é uma das tarefas de primordial interesse para diversos setores do mercado, em especial os que visam personalizar a experiência de clientes por meio de recomendações assertivas de seus produtos ou serviços e aumentar sua lucratividade e seu volume de vendas.

Os Sistemas de Recomendação auxiliam na filtragem de informações disponíveis para listar o que deve ser mais relevante para o consumidor. O desafio é recomendar o item de desejo àquele que recebe a recomendação, mesmo que ele muitas vezes não esteja ciente do que realmente deseja e em meio à abundância de opções à disposição. Isso sem deixar de oferecer aquilo que o indivíduo realmente está procurando. Para isso, diversos elementos que caracterizam o comportamento do consumidor são utilizados, tais como seu próprio perfil de consumo, histórico de compras, histórico e hábitos de navegação, etc. As diferentes técnicas associadas a ferramentas de Inteligência Artificial (IA) ajudam a entender melhor os interesses dos indivíduos e criam modelos para prever quais itens sugerir.

Abordagens

Do ponto de vista técnico, as recomendações podem ser baseadas na análise de similaridades e/ou interesses em comum entre usuários de uma plataforma para indicar itens — abordagem chamada de filtragem colaborativa — ou apoiada na identificação de itens já visualizados e avaliados pelo usuário — denominada filtragem por conteúdo. Outro tipo é a chamada filtragem demográfica, que utiliza estereótipos ou dados considerados genéricos como idade, gênero, classe social, ocupação e grau de instrução para entender melhor o interesse de um indivíduo por determinado item.

Definem-se também abordagens chamadas de filtragem baseada em conhecimento e filtragem baseada em utilidade, em que, na primeira, as recomendações são feitas apoiadas em um domínio de conhecimento específico buscando itens conforme a necessidade e preferência do indivíduo, podendo ser baseadas em casos ou restrições; e, na segunda, as recomendações levam em conta a utilidade dos itens para um determinado usuário.

Outras técnicas têm sido exploradas, tais como a filtragem contextual, que explora o contexto no qual o usuário está inserido para fazer recomendações mais adequadas ao momento, local e dispositivo utilizado; a filtragem baseada em comunidade, que recomenda itens de acordo com as preferências dos amigos do usuário; ou ainda abordagens envolvendo aspectos psicológicos de indivíduos, incluindo satisfação e traços de personalidade, combinados a características de produtos para obter melhores recomendações, também chamadas de filtragem baseada em outros contextos. Para aprimorar as sugestões e torná-las mais assertivas, as técnicas muitas vezes são combinadas, intitulando-se nesse caso como filtragem híbrida.

Diversas dessas abordagens baseadas em filtragem, bem como outras existentes na literatura, utilizam algoritmos de Aprendizado de Máquinas (AM), incluindo soluções híbridas[2]. Essa gama de possibilidades considera desde os algoritmos baseados em fatoração matricial[3] até aqueles baseados em redes neurais profundas[4].

Estado atual

Os investimentos em IA e AM para oferecer diferenciais e posicionar-se como referência no mercado tem crescido entre as organizações. Valendo-se dos benefícios dessas tecnologias, o setor varejista é um dos que tem buscado diversas soluções, e conseguindo superar desafios impostos pela crise de Covid-19 adotando abordagens apoiadas na transformação digital. Da customização da experiência do cliente, incluindo atendimento por chatbots inteligentes, promoções e recomendações personalizadas, à entrega de produtos por robôs e drones autônomos, comércios virtuais ou físicos já sentem os resultados positivos das aplicações de IA em seu dia a dia.

Em relatório publicado em dezembro de 2019 por Technavio[5] com base em pesquisas sobre o mercado dos sistemas de recomendação por usuário final (mídia e entretenimento, varejo, viagens e turismo e outros) e geografia, a região da América do Norte liderou o mercado global do setor em 2019, seguida por Ásia-Pacífico, Europa, América do Sul e Oriente Médio e África, respectivamente. De acordo com a Technavio, a implementação de IA nos motores de recomendação terá um impacto positivo no mercado e contribuirá para o seu crescimento significativamente ao longo do período de previsão, entre 2020-2024. A taxa de crescimento prevista pelo documento para o ano 2020 era de 26,12%, sendo a América do Norte responsável por 38% dessa parcela. Um dos principais impulsionadores desse crescimento consiste no aumento do uso de sistemas híbridos de recomendação.

Segundo o documento Recommendation Engine Market – Industry Analysis, Market Size, Share, Trends,Application Analysis, Growth and Forecast 2020 – 2025[6], outras tendências importantes que afetarão o mercado de sistemas de recomendação serão as crescentes ênfase na melhoria da experiência do consumidor e tendência de digitalização. Além disso, o aumento na demanda por análise de grandes volumes de dados e do uso de tecnologias de aprendizado profundo nos mecanismos de recomendação devem fornecer oportunidades de crescimento, sendo que o tamanho desse mercado está projetado para atingir US$ 12,03 bilhões em 2025, tendo sido de US$ 1,14 bilhão em 2018, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR, na sigla em inglês) de 32,39% no período 2020-2025.

“O desenvolvimento com ênfase na melhora da experiência do cliente é um fator importante que impulsiona o desenvolvimento da demanda por mecanismos de recomendação. Além disso, é importante obter engajamento e retenção de clientes, maior volume de vendas e retorno sobre investimentos (ROI, na sigla em inglês). Recomendações inteligentes de produtos também permitem combinar o comportamento dos indivíduos com os itens certos, aumentando o interesse por transações que os clientes talvez não estivessem planejando fazer. As receitas de comércio eletrônico geradas por recomendações personalizadas podem chagar a cerca de 30%, por exemplo.”, afirma ainda o relatório.

Sistemas de Recomendação na Visibilia

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Referências:

[1] “[…] recommendations may suggest particularly interesting items, in addition to indicating those that should be filtered out.”

[2] Yang, S., Korayem, M., AlJadda, K., Grainger, T., & Natarajan, S. (2017). Combining content-based and collaborative filtering for job recommendation system: A cost-sensitive Statistical Relational Learning approach. Knowledge-Based Systems, 136, 37-45.

[3] Tang, L., Long, B., Chen, B. C., & Agarwal, D. (2016, August). An empirical study on recommendation with multiple types of feedback. In Proceedings of the 22nd ACM SIGKDD International Conference on Knowledge Discovery and Data Mining (pp. 283-292).

[4] Zhang, S., Yao, L., Sun, A., & Tay, Y. (2019). Deep learning based recommender system: A survey and new perspectives. ACM Computing Surveys (CSUR), 52(1), 1-38.

[5] https://www.businesswire.com/news/home/20200113005351/en/Global-Recommendation-Engine-Market-2020-2024-30-CAGR-Projection-Over-the-Next-Five-Years-Technavio

[6] https://www.industryarc.com/Research/Recommendation-Engine-Market-Research-500995

Cazella, S. C., Nunes, M. A. S. N., & Reategui, E. (2010). A Ciência da Opinião: Estado da arte em Sistemas de Recomendação. André Ponce de Leon F. de Carvalho; Tomasz Kowaltowski(Org.). Jornada de Atualização de Informática-JAI, 161-216.

Burke, R. (2002). Hybrid recommender systems: Survey and experiments. User modeling and user-adapted interaction, 12(4), 331-370.

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