Segundo relatório divulgado pela Associação
Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) em
abril de 2020, “Em 2019, o Brasil manteve-se como o 7º maior produtor de TIC e
Telecom do mundo, apresentando uma importante distância a ser superada em
relação à França (6º colocado) e aproximação do Canadá que recuperou sua
posição em 8º após ter sido superado pela Índia em 2018”.
Dentre as projeções para o setor no ano de 2020, um tanto
dependentes das flutuações e instabilidades econômicas do país, estão
investimentos que envolvem as aplicações em nuvem e de soluções em segurança,
estas últimas compelidas pela Lei Geral de Processamento de Dados (LGPD), cuja
entrada em vigor já estava prevista para o segundo semestre.
Os investimentos em transformação digital devem estimular
grandes aportes por parte das empresas, impulsionando ainda mais a produção de
tecnologia e mantendo a competitividade laboral do país, cujos profissionais
ganham acima da média nacional e agregam valor à economia brasileira. As
demandas, segundo a Brasscom, devem crescer a 329 mil profissionais, mais
outros 92 mil da TI in House,
totalizando 421 mil até 2024. “A demanda será de 25% em Internet das Coisas
(IoT, na sigla em inglês), 11% em segurança, 10% em Big Data, 6% em Nuvem e 2% em Inteligência Artificial (IA), além da
demanda por profissionais administrativos (19%), de nível técnico (14%) e em
outras tecnologias (13%)”.
À medida que há mais expectativas em relação ao mercado de tecnologia, novos desafios surgem e aprimoramentos são realizados em diversas esferas humanas. Segundo estudo da Gartner[1], até 2023, o número de pessoas com deficiência empregadas nas organizações triplicará devido à IA e às tecnologias emergentes, reduzindo as barreiras de acesso. Ainda de acordo com a consultoria, a IA influenciará mais da metade dos anúncios on-line vistos pelas pessoas, e juntamente com o Aprendizado de Máquina, vai orientar o impacto futuro do setor, sendo apontado que 87% das organizações já estão em busca de algum nível de personalização.
Na esfera do turismo, por exemplo, em meio aos desafios
de empresas de hotéis, viagens e restaurantes, também haverá grandes
oportunidades para automatização de sistemas e processos. Conforme as soluções
baseadas em IA melhoram, a implementação de soluções robóticas se tornará cada
vez mais viável, permitindo às organizações obterem suporte em funções básicas
e repetitivas, com vantagens óbvias em agilidade e detecção de erros, por
exemplo. Além de auxiliar com questões relacionadas ao covid-19, a tecnologia
permitirá que os humanos se concentrem mais em tarefas de alto valor em meio ao
chamado novo normal.
Incorporada aos mais diversos setores, os projetos com IA ganharão cada vez mais espaço nas empresas e corporações, à medida que as barreiras diminuam, com a previsão de que até o fim de 2020, boa parte das empresas brasileiras tenha modelos de IA implementados em seus negócios. Segundo a pesquisa global da IBM sobre a adoção da tecnologia, “Dos obstáculos à escala: a disparada global à IA[2]”, a IA se tornará parte da interface do usuário, com experiências redefinidas, onde mais de 50% dos toques serão aumentados por visão computacional, fala e linguagem natural.
Em pesquisa divulgada em setembro de 2020, realizada pela
everis em parceria com o MIT Tech Review
em espanhol[3],
envolvendo grandes empresas da América Latina, com mais de 1000 funcionários e
receita superior a US$ 100 milhões e cujo principal objetivo foi aprofundar os
conhecimentos sobre aspectos mais estratégicos da adoção e o potencial de
negócios que a IA oferece às empresas para sua transformação digital, constatou
que a adoção de IA pela maioria das empresas latino-americanas é incipiente e
que o conhecimento a respeito das possibilidades que essa tecnologia oferece é
ainda limitado, embora a maioria dos entrevistados (58%) acredite que IA tem
potencial para revolucionar suas empresas, contra céticos 2,5% que não
acreditam que terá grande impacto sobre os negócios.
De acordo com os entrevistados
— mais de 40 diretores e mais de 100 executivos que lideram a adoção de IA em
suas empresas —, 53% das empresas não possuem nenhum tipo de aplicativo
relacionado a IA e só 23% já trabalharam em algum projeto piloto de IA ou, pelo
menos, uma funcionalidade ou unidade de negócios, apesar de 38% afirmarem
conhecer os benefícios da tecnologia para os negócios. Porém, a maioria (60%)
das empresas pesquisadas afirma ter um longo caminho a percorrer para adotar a
IA no cotidiano e 22% não consideram suas empresas maduras para isso.
Dentro do cenário latino-americano pesquisado, que considerou Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru, que juntos representam mais de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) da região, o Brasil se destaca na realização de investimentos em projetos de IA e está dois ou três anos mais avançado que os demais dos países da região. As grandes empresas brasileiras já investem de forma significativa para aproveitar as oportunidades oferecidas pela IA, focadas em projetos que melhoram a experiência do cliente e modelos preditivos de avaliação de riscos, em termos de saúde ou em termos de operação ou prevenção de fraudes, entre outros.[4]
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